segunda-feira, 25 de maio de 2009

O modelo de evolução da ciência segundo Thomas Kuhn (1912-1997)

O modelo de evolução da ciência segundo Thomas Kuhn (1912-1997)

Popper defende que a sucessão das teorias em cência constitui um progresso em direcção à verdade. A verdade é uma meta inalcançável porque o progresso da ciência se realiza por aproximações sucessivas e sempre provisórias da verdade. O progresso do conhecimento científico realiza-se à maneira da evolução das espécies segundo Darwin, ou seja, à custa da eliminação das menos aptas. Segundo Popper, “as nossas teorias são o senso comum criticado e esclarecido.”
Kuhn defende a descontinuidade na forma como os cientistas encaram os fenómenos. Kuhn formulou uma “reconstrução racional” do progresso científico baseada na sua interpretação dos desenvolvimentos na história da ciência.
Kuhn defende que existem três momentos no desenvolvimento da ciência: a pré-ciência, a ciência normal e a ciência revolucionária.
Para Kuhn os modelos de explicação da realidade entram em ruptura uns com os outros. a comunidade científica não se rege pelo ideal de verdade. A própria noção de verdade é excluída por Kuhn. Se os paradigmas são incomensuráveis, não se pode decidir se um é melhor do que o outro.

Terceira ficha sobre a distinção entre senso comum e conhecimento científico

Complete o seguinte quadro:

Senso Comum

Conhecimento científico

Carácter acrítico

Intuitivo-perceptivo

Carácter crítico

Autónomo

Dogmático

Carácter espontâneo

Construído

Carácter metódico

Heterogéneo

Objectivo

Carácter assistemático

Sincrético[1]

Carácter sistemático

Rigoroso

a) Racional;

b) Subjectivo;

c) Dependente de preconceitos;

d) Superficial;

e) Dado;

f) Homogéneo;

g) Especializado;

h) Revisível.



[1] Que contém uma amálgama de concepções heterogéneas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A noção de paradigma em Kuhn

A noção de paradigma
“O termo «paradigma» aparece em proximidade estreita, tanto física como lógica, da frase «comunidade científica». Um paradigma é o que os membros de uma comunidade científica, e só eles, partilham. Reciprocamente, é a respectiva possessão de um paradigma comum que constitui uma comunidade científica, formada, por sua vez, por um grupo de homens diferentes noutros aspectos.
Nesta concepção, uma comunidade científica consiste nos praticantes de uma especialidade científica. (…) Tais comunidades são caracterizadas pela relativa abundância de comunicação no interior do grupo e pela relativa unanimidade do juízo grupal em matérias profissionais.”
Kuhn, A Tensão Essencial.


Elementos constituintes de um paradigma

Exemplos associados ao paradigma de Newton

· Leis e pressupostos teóricos fundamentais;

· Regras para aplicar as leis à realidade;

· Regras para usar instrumentos científicos;

· Princípios metafísicos e filosóficos;

· Regras metodológicas gerais.

· Lei da Gravitação Universal;

· Regras para aplicar essa lei a pêndulos;

· Regras para usar telescópios;

· O mundo é uma espécie de grande relógio;

· Não avançar hipóteses infundadas

Ficha sobre métodos científicos


Ficha sobre métodos científicos

Método indutivo

Método hipotético-dedutivo

Método falsificacionista

A observação de muitos corvos negros confirma:

1 – A hipótese de que todos os corvos são negros e

2- A hipótese de que o próximo corvo a ser visto será negro.

Da hipótese H deduzem-se consequências testáveis C.

A observação revela que C é verdadeira.

A hipótese H é confirmada por C.

Da hipótese H deduzem-se consequências testáveis C.

Observa-se que C não é verdadeira.

A hipótese H é refutada (falsificada) por C.

domingo, 10 de maio de 2009

O racionalismo cartesiano

Filosofia - 11º ano

Descartes e o racionalismo moderno: a procura de fundamentos do conhecimento e de crenças básicas para superar o cepticismo gnoseológico


Descartes visa encontrar os fundamentos do conhecimento, as crenças básicas em que se fundamenta o conhecimento, mostrando que os cépticos estão enganados. Os racionalistas partem do princípio que existem ideias inatas e que é a nossa razão que constrói a realidade tal como a percepcionamos. Descartes (1596-1650) é considerado o expoente máximo do racionalismo moderno. Após ter suspendido a validade de todos os conhecimentos, porque susceptíveis de erro, descobre que a única coisa que resiste à própria dúvida é a razão. Descobre ainda que possuímos ideias que se impõem à razão como verdadeiras mas que não derivam da experiência (as ideias inatas). Segundo Descartes estas ideias claras e distintas, seriam o fundamento para construir dedutivamente um conhecimento universalmente válido.

domingo, 3 de maio de 2009

Distinção entre filosofia e senso comum

Filosofia - 11º ano
1. A distinção entre ciência e senso comum
Quando falamos de conhecimento não nos referimos necessariamente ao conhecimento científico. É também considerado conhecimento o saber ligado às nossas actividades e experiências quotidianas de carácter mais prático e imediato. O conhecimento do senso comum é deveras amplo e vasto. O senso comum fornece respostas e conselhos, transmitidos reforçados pela autoridade da tradição, para os mais diversos assuntos, nomeadamente para as questões morais, religiosas, sociais e práticas.
2. Características do senso comum:
• O carácter acrítico – O senso comum tende a aceitar os conhecimentos tal como são transmitidos sem o recurso ao exame crítico. Isto permite persistir nos erros cometidos por gerações anteriores (por isso foi possível acreditar durante muito tempo que é errado tomar um duche quando se tem febre ou que é verdade que o Sol gira à volta da Terra.)
• A descrição prevalece sobre a explicação – O senso comum é espontâneo e tende a descrever o que acontece e não procura aprofundar nem obter explicações mais completas para os acontecimentos.• A falta de carácter sistemático – Os conteúdos do senso comum são vastos e dispersos, não costumam surgir relacionados entre si, nem organizados sobre a forma de um conjunto coerente e explicativo da realidade. Perante uma mesma situação, o senso pode mesmo fornecer posições incompatíveis. Por exemplo: os provérbios “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar” ou “quem não arrisca não petisca” são incompatíveis e incoerentes.
• O carácter prático – O conhecimento do senso comum é essencialmente prático, fornece-nos regras de comportamento, ensina-nos como devemos agir para obter determinados resultados.

Ficha sobre o problema da causalidade em David Hume

Filosofia - 11º ano
Ficha sobre o problema da causalidade em David Hume

“Em que consiste a nossa ideia de necessidade quando dizemos que dois objectos estão necessariamente ligados entre si? (…) Se afirmamos ter a ideia de ligação necessária ou causal, deveremos encontrar alguma impressão que esteja na origem desta ideia. Para isso, ponho-me a considerar o objecto em que comummente se supõe que a necessidade se encontra. E como vejo que esta se atribui sempre a causas e efeitos, dirijo a minha atenção para dois objectos supostamente colocados em tal relação (causa – efeito) e examino-os em todas as situações possíveis. Apercebo-me de imediato de que são contíguos em termos de tempo e lugar e de que o objecto denominado causa precede o outro, a que chamamos efeito (…).
Suponhamos que uma pessoa, embora dotada das mais fortes faculdades de razão e reflexão, e trazida subitamente para este mundo, observaria, de facto, imediatamente uma contínua sucessão de objectos e um acontecimento sucedendo-se a outro, mas nada mais seria capaz de descobrir. Não conseguiria, a princípio, mediante qualquer raciocínio, alcançar a ideia de causa e efeito (…), nem é justo concluir unicamente porque um evento, num caso, precede outro, que o primeiro é, por isso, a causa e o segundo o efeito. A sua conjunção pode ser arbitrária.
(…) Suponhamos, de novo, que ela adquiriu mais experiência e viveu durante tanto tempo no mundo que observou que objectos ou eventos familiares se combinam constantemente. (…) Imediatamente infere a existência de um objecto a partir do outro. Apesar de tudo, não adquiriu, mediante toda a sua experiência, ideia ou conhecimento algum do poder secreto pelo qual um objecto produz outro, nem é induzida, por processo algum do raciocínio, a tirar essa inferência; mas, apesar de tudo, vê-se levada a tirá-la (…) Existe algum outro princípio que a leva a formar tal conclusão.
Este princípio é o costume ou o hábito, pois, onde quer que a repetição de qualquer acto ou operação particular manifeste uma propensão para renovar o mesmo acto ou operação, sem ser impulsionado por raciocínio ou processo algum do entendimento, dizemos sempre que esta propensão é o efeito do costume.”

HUME, Ensaios Sobre o Entendimento Humano, Edições 70.



Questão 1 – Quais são os argumentos que Hume usa para chegar à conclusão de que a ideia de causalidade é um produto do costume?