segunda-feira, 25 de maio de 2009

O modelo de evolução da ciência segundo Thomas Kuhn (1912-1997)

O modelo de evolução da ciência segundo Thomas Kuhn (1912-1997)

Popper defende que a sucessão das teorias em cência constitui um progresso em direcção à verdade. A verdade é uma meta inalcançável porque o progresso da ciência se realiza por aproximações sucessivas e sempre provisórias da verdade. O progresso do conhecimento científico realiza-se à maneira da evolução das espécies segundo Darwin, ou seja, à custa da eliminação das menos aptas. Segundo Popper, “as nossas teorias são o senso comum criticado e esclarecido.”
Kuhn defende a descontinuidade na forma como os cientistas encaram os fenómenos. Kuhn formulou uma “reconstrução racional” do progresso científico baseada na sua interpretação dos desenvolvimentos na história da ciência.
Kuhn defende que existem três momentos no desenvolvimento da ciência: a pré-ciência, a ciência normal e a ciência revolucionária.
Para Kuhn os modelos de explicação da realidade entram em ruptura uns com os outros. a comunidade científica não se rege pelo ideal de verdade. A própria noção de verdade é excluída por Kuhn. Se os paradigmas são incomensuráveis, não se pode decidir se um é melhor do que o outro.

Terceira ficha sobre a distinção entre senso comum e conhecimento científico

Complete o seguinte quadro:

Senso Comum

Conhecimento científico

Carácter acrítico

Intuitivo-perceptivo

Carácter crítico

Autónomo

Dogmático

Carácter espontâneo

Construído

Carácter metódico

Heterogéneo

Objectivo

Carácter assistemático

Sincrético[1]

Carácter sistemático

Rigoroso

a) Racional;

b) Subjectivo;

c) Dependente de preconceitos;

d) Superficial;

e) Dado;

f) Homogéneo;

g) Especializado;

h) Revisível.



[1] Que contém uma amálgama de concepções heterogéneas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A noção de paradigma em Kuhn

A noção de paradigma
“O termo «paradigma» aparece em proximidade estreita, tanto física como lógica, da frase «comunidade científica». Um paradigma é o que os membros de uma comunidade científica, e só eles, partilham. Reciprocamente, é a respectiva possessão de um paradigma comum que constitui uma comunidade científica, formada, por sua vez, por um grupo de homens diferentes noutros aspectos.
Nesta concepção, uma comunidade científica consiste nos praticantes de uma especialidade científica. (…) Tais comunidades são caracterizadas pela relativa abundância de comunicação no interior do grupo e pela relativa unanimidade do juízo grupal em matérias profissionais.”
Kuhn, A Tensão Essencial.


Elementos constituintes de um paradigma

Exemplos associados ao paradigma de Newton

· Leis e pressupostos teóricos fundamentais;

· Regras para aplicar as leis à realidade;

· Regras para usar instrumentos científicos;

· Princípios metafísicos e filosóficos;

· Regras metodológicas gerais.

· Lei da Gravitação Universal;

· Regras para aplicar essa lei a pêndulos;

· Regras para usar telescópios;

· O mundo é uma espécie de grande relógio;

· Não avançar hipóteses infundadas

Ficha sobre métodos científicos


Ficha sobre métodos científicos

Método indutivo

Método hipotético-dedutivo

Método falsificacionista

A observação de muitos corvos negros confirma:

1 – A hipótese de que todos os corvos são negros e

2- A hipótese de que o próximo corvo a ser visto será negro.

Da hipótese H deduzem-se consequências testáveis C.

A observação revela que C é verdadeira.

A hipótese H é confirmada por C.

Da hipótese H deduzem-se consequências testáveis C.

Observa-se que C não é verdadeira.

A hipótese H é refutada (falsificada) por C.

domingo, 10 de maio de 2009

O racionalismo cartesiano

Filosofia - 11º ano

Descartes e o racionalismo moderno: a procura de fundamentos do conhecimento e de crenças básicas para superar o cepticismo gnoseológico


Descartes visa encontrar os fundamentos do conhecimento, as crenças básicas em que se fundamenta o conhecimento, mostrando que os cépticos estão enganados. Os racionalistas partem do princípio que existem ideias inatas e que é a nossa razão que constrói a realidade tal como a percepcionamos. Descartes (1596-1650) é considerado o expoente máximo do racionalismo moderno. Após ter suspendido a validade de todos os conhecimentos, porque susceptíveis de erro, descobre que a única coisa que resiste à própria dúvida é a razão. Descobre ainda que possuímos ideias que se impõem à razão como verdadeiras mas que não derivam da experiência (as ideias inatas). Segundo Descartes estas ideias claras e distintas, seriam o fundamento para construir dedutivamente um conhecimento universalmente válido.

domingo, 3 de maio de 2009

Distinção entre filosofia e senso comum

Filosofia - 11º ano
1. A distinção entre ciência e senso comum
Quando falamos de conhecimento não nos referimos necessariamente ao conhecimento científico. É também considerado conhecimento o saber ligado às nossas actividades e experiências quotidianas de carácter mais prático e imediato. O conhecimento do senso comum é deveras amplo e vasto. O senso comum fornece respostas e conselhos, transmitidos reforçados pela autoridade da tradição, para os mais diversos assuntos, nomeadamente para as questões morais, religiosas, sociais e práticas.
2. Características do senso comum:
• O carácter acrítico – O senso comum tende a aceitar os conhecimentos tal como são transmitidos sem o recurso ao exame crítico. Isto permite persistir nos erros cometidos por gerações anteriores (por isso foi possível acreditar durante muito tempo que é errado tomar um duche quando se tem febre ou que é verdade que o Sol gira à volta da Terra.)
• A descrição prevalece sobre a explicação – O senso comum é espontâneo e tende a descrever o que acontece e não procura aprofundar nem obter explicações mais completas para os acontecimentos.• A falta de carácter sistemático – Os conteúdos do senso comum são vastos e dispersos, não costumam surgir relacionados entre si, nem organizados sobre a forma de um conjunto coerente e explicativo da realidade. Perante uma mesma situação, o senso pode mesmo fornecer posições incompatíveis. Por exemplo: os provérbios “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar” ou “quem não arrisca não petisca” são incompatíveis e incoerentes.
• O carácter prático – O conhecimento do senso comum é essencialmente prático, fornece-nos regras de comportamento, ensina-nos como devemos agir para obter determinados resultados.

Ficha sobre o problema da causalidade em David Hume

Filosofia - 11º ano
Ficha sobre o problema da causalidade em David Hume

“Em que consiste a nossa ideia de necessidade quando dizemos que dois objectos estão necessariamente ligados entre si? (…) Se afirmamos ter a ideia de ligação necessária ou causal, deveremos encontrar alguma impressão que esteja na origem desta ideia. Para isso, ponho-me a considerar o objecto em que comummente se supõe que a necessidade se encontra. E como vejo que esta se atribui sempre a causas e efeitos, dirijo a minha atenção para dois objectos supostamente colocados em tal relação (causa – efeito) e examino-os em todas as situações possíveis. Apercebo-me de imediato de que são contíguos em termos de tempo e lugar e de que o objecto denominado causa precede o outro, a que chamamos efeito (…).
Suponhamos que uma pessoa, embora dotada das mais fortes faculdades de razão e reflexão, e trazida subitamente para este mundo, observaria, de facto, imediatamente uma contínua sucessão de objectos e um acontecimento sucedendo-se a outro, mas nada mais seria capaz de descobrir. Não conseguiria, a princípio, mediante qualquer raciocínio, alcançar a ideia de causa e efeito (…), nem é justo concluir unicamente porque um evento, num caso, precede outro, que o primeiro é, por isso, a causa e o segundo o efeito. A sua conjunção pode ser arbitrária.
(…) Suponhamos, de novo, que ela adquiriu mais experiência e viveu durante tanto tempo no mundo que observou que objectos ou eventos familiares se combinam constantemente. (…) Imediatamente infere a existência de um objecto a partir do outro. Apesar de tudo, não adquiriu, mediante toda a sua experiência, ideia ou conhecimento algum do poder secreto pelo qual um objecto produz outro, nem é induzida, por processo algum do raciocínio, a tirar essa inferência; mas, apesar de tudo, vê-se levada a tirá-la (…) Existe algum outro princípio que a leva a formar tal conclusão.
Este princípio é o costume ou o hábito, pois, onde quer que a repetição de qualquer acto ou operação particular manifeste uma propensão para renovar o mesmo acto ou operação, sem ser impulsionado por raciocínio ou processo algum do entendimento, dizemos sempre que esta propensão é o efeito do costume.”

HUME, Ensaios Sobre o Entendimento Humano, Edições 70.



Questão 1 – Quais são os argumentos que Hume usa para chegar à conclusão de que a ideia de causalidade é um produto do costume?

Ficha sobre a distinção entre senso comum e conhecimento científico

A distinção entre senso comum e ciência
Filosofia - 11º ano
Distinção entre senso comum e ciência

A - Faça corresponder os espaços numerados com as alíneas de modo a formar afirmações verdadeiras:

O conhecimento do senso comum pode formar-se por várias maneiras: por experiência ____1____; através dos ____2_____ dos outros; pela ____3____ e simplificação dos conhecimentos científicos pelos meios de comunicação. O senso comum é um vastíssimo aglomerado de conhecimentos ligados às ____4____ quotidianas. Por contraste, o conhecimento científico é organizado segundo um ___5___ rigoroso.


a) testemunhos; b) práticas; c) método; d) pessoal; divulgação:

Ficha sobre empirismo e racionalismo

Filosofia - 11º ano
Ficha sobre empirismo e racionalismo

Os enunciados seguintes respeitam ao problema gnoseológico da origem do conhecimento. Indique quais são os verdadeiros (V) e os falsos (F).
1. No empirismo, o sujeito submete-se aos dados dos sentidos; no racionalismo, às ideias inatas.

2. O empirismo defende a teoria da “tábua rasa”.

3. O empirismo considera que o conhecimento é um movimento a partir do sujeito.

4. Descartes é um dos representantes do racionalismo.

5. Os empiristas consideram que nem tudo o que está na mente é proveniente dos sentidos.

6. David Hume é um dos principais representantes do empirismo.

7. O racionalismo considera o conhecimento como um movimento a partir do objecto.

8. O racionalismo cartesiano é sinónimo de inatismo.

9. David Hume considera que há uma diferença entre impressões e ideias.

10. Para Descartes, as ideias inatas são da razão e as factícias provêm da experiência sensorial.

11. Segundo Descartes, o conhecimento logicamente deduzido das ideias inatas é verdadeiro.

12. Os empiristas têm uma atitude optimista em relação às possibilidades do conhecimento, mas os racionalistas não.

13. O empirismo nega que todos os nossos conhecimentos provenham da experiência sensível.

14. Colocar o problema da origem ou fonte do conhecimento é tentar saber se são as nossas capacidades sensoriais, as racionais, ou ambas, a base originária dos nossos conhecimentos ou ideias.

15. O racionalismo defende que as ideias básicas a partir das quais se chega a todos os conhecimentos são originárias da razão.

sábado, 2 de maio de 2009

O estatuto do conhecimento científico

Filosofia - 11º ano
O estatuto do conhecimento científico
A palavra ciência é de origem latina "Scientia" que provém de "Scire" que significa "aprender" ou "conhecer". O conhecimento científico resulta da investigação reflexiva, metódica e sistemática da realidade. O conhecimento científico visa descobrir as relações que os fenómenos possuem entre si, determinar as causas e os respectivos efeitos. O objectivo é construir uma teoria explicativa dos fenómenos, bem como determinar as leis que os regem. A ciência apresenta-se como um conjunto de proposições ou enunciados susceptíveis de ser organizados de forma hierárquica, dos mais elementares para os mais gerais e vice-versa. Em sentido ascendente, a conexão é estabelecida por induções e a descendente por deduções. Na sua tentativa de ordenar e estruturar os fenómenos, o cientista tem de definir um objecto específico de investigação e apoiar-se num método que lhe permita examinar o seu objecto de estudo de uma forma rigorosa. O cientista concilia uma capacidade intuitiva e estruturante do pensamento com a submissão aos factos. A preocupação lógico-experimental reveste os resultados da ciência de rigor e credibilidade. O método científicoComo procedem os cientistas para conhecer a realidade? Para conhecermos cientificamente a Natureza e as leis que a regem não a podemos interrogar de qualquer forma. Para tal é necessário agir de acordo com certas regras claramente definidas e susceptíveis de repetição. O método é o caminho que os cientistas percorrem para conhecer a realidade. O método é o caminho que o cientista percorre para investigar e alcançar os seus objectivos. Há várias concepções de método científico mas todas têm em comum os seguintes factores: a procura do ponto de partida para as teorias científicas, a formulação das teorias científicas, a aplicação das teorias científicas. Não há um método único que possa ser mecanicamente aplicado às diferentes áreas de investigação. Cada ciência ao determinar o seu campo de investigação define um conjunto de métodos e técnicas que lhe permitem construir uma visão específica da realidade. O método promove a eficácia da investigação, a credibilidade dos resultados; a maior facilidade em distinguir os conhecimentos que são verdadeiramente científicos dos que não o são. Portanto, há uma interdependência entre a Ciência e o método científico. O primeiro momento do método consiste na ocorrência de factos problemáticos. A procura do saber inicia com o aparecimento de um problema e não com a apreensão de factos puros e simples, tem um carácter activo. O que importa ao cientista é a descoberta de “factos polémicos” que ponham em causa as teorias existentes. O segundo momento do método é o da formulação de hipóteses. Hipótese vem de hypo (sob) e thésis (proposição). Uma hipótese é um enunciado que se propõe como base para explicar como se produzem os fenómenos. A hipótese é uma espécie de explicação antecipada que será submetida a testes. Depois da hipótese chega o momento em que se deduzem as respectivas consequências. A razão da necessidade deste momento do método prende-se com o facto de que, na maioria do casos, a hipótese não poder ser confrontada directamente com a experiência. Portanto, são deduzidas consequências das hipóteses que a tornam mais específica. O último momento do método consiste na confrontação das consequências deduzidas com a realidade. Se as consequências da hipótese não se cumprem no teste experimental ou observacional, esta é rejeitada. Se as mesmas se verificarem, a hipótese será aprovada e formular-se-ão leis e teorias científicas que as integrem. A concepção indutiva do método. Há várias maneiras de conceber o método científico. Há ciências e áreas de investigação em que se pode partir da observação dos factos, mas há outros domínios em que a investigação é estimulada por um problema teórico ou por uma mera especulação. O método usa também procedimentos indutivos que procedem da observação dos factos. A concepção indutiva do método é usada quando, depois de os cientistas terem observado o que acontece num grande número de casos, consideram que sucederá sempre o mesmo em situações semelhantes ainda não observadas. Desta forma, a teoria é obtida por generalização indutiva.Objecções ao indutivismo: a) é impossível registar e classificar espontaneamente os factos empíricos espontaneamente, ou seja, sem uma orientação teórica. b) Há leis científicas que dizem respeito a fenómenos inobserváveis e, como tal, não podem resultar de meras generalizações indutivas baseadas na observação. No caso do método falsificacionista são formuladas hipóteses ou conjecturas, as quais são submetidas a tentativas de refutação (ou falsificação). Este é o método aconselhado por Karl Popper. A diferença entre o método falsificacionista e o método hipotético-dedutivo reside no facto de o falsificacionismo não procurar a comprovação, mas procurar observações que falsifiquem as consequências deduzidas das hipóteses.Objecções ao falsificacionismo: é difícil refutar uma teoria. Se as previsões empíricas fracassarem, só podemos concluir que uma das hipóteses é falsa e essa hipótese pode não pertencer à teoria.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Objecções ao racionalismo cartesiano

Filosofia - 11º ano
Objecções ao racionalismo cartesiano
Quando procura demonstrar a existência de Deus, como sabe Descartes que não se engana ao deduzir que a ideia de perfeição implica a existência de um ser perfeito? E se o génio maligno me estiver a enganar quando penso que a ideia de perfeição só pode ter sido causada por um ser perfeito? Uma vez abalada a demonstração da existência de Deus, o que resta do racionalismo cartesiano?

terça-feira, 21 de abril de 2009

O empirismo de David Hume

Filosofia - 11º ano
O empirismo de David Hume

Segundo David Hume todo o conhecimento começa com a experiência. A experiência produz percepções que podem ser impressões ou ideias. As impressões são as imagens ou sentimentos que derivam imediatamente da realidade. Tratam-se de percepções vivas e fortes. Por seu turno, as ideias são as representações ou imagens enfraquecidas das impressões depois de retidas no nosso pensamento. A diferença entre as impressões e as ideias não é de natureza, uma vez que são ambas empíricas, mas simplesmente de grau.
Para Hume há dois tipos de conhecimento: o conhecimento de ideias e o conhecimento de factos. O conhecimento de ideias consiste em estabelecer as relações entre as ideias que uma proposição contém. Embora todas as ideias sejam baseadas na experiência, podemos conhecer sem recorrer às impressões. Os conhecimentos da lógica ou da matemática (por exemplo, “o quadrado tem quatro lados”) são deste tipo e não nos dão novas informações, nomeadamente quando o predicado repete o sujeito. O conhecimento de factos já implica um confronto das proposições (do que dizemos) com a experiência. Este tipo de conhecimento verifica a verdade e a falsidade das proposições a partir do teste da experiência.
O problema da causalidade
Embora consciente do lugar preponderante que o princípio da causalidade ocupou ao longo da história do pensamento ocidental, Hume submete-o a um exame crítico e rigoroso. A partir da observação de um facto “vemos uma bola de bilhar imóvel em cima da mesa e outra bola que rapidamente se move em direcção a ela.”[1] Esta será a impressão A. Seguidamente verificamos que surge outra impressão B:“ As duas bolas chocam e a que antes estava quieta adquire, imediatamente, movimento”[2]. Constatamos assim uma sucessão regular de A e B e surge a ideia de relação causal ou sucessão necessária. O rigoroso exame de David Hume a esta ideia de relação causal conclui que quando afirmamos que B sempre sucederá a A, estamos a referir-nos a um facto futuro que ainda não aconteceu. Neste sentido teremos ultrapassado a experiência – a única fonte de validade dos conhecimentos de facto. Não podemos conhecer factos futuros porque não podemos possuir experiências ou impressões sensíveis do que ainda não aconteceu. A relação necessária entre causa e efeito é um produto do hábito de constatar uma relação constante entre acontecimentos próximos. A ideia de causalidade é uma ficção útil para a nossa vida quotidiana e para o desenvolvimento das ciências experimentais. Tal ideia não deriva da razão, mas de factores subjectivos e psicológicos – a vontade de prever e controlar o futuro.
Conclusão
O empirismo de David Hume cai num certo cepticismo, na medida em que os princípios científicos – como o princípio da causalidade – não têm explicação racional. No empirismo, em contradição com o racionalismo, não existe a crença em princípios universais e necessários que nos permitam confiar na objectividade do conhecimento.

[1] RODRIGUES, L., SAMEIRO, J., NUNES, A., Filosofia – 11º ano, Lisboa, 2004, Plátano Editora.
[2] Op Cit.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Segunda ficha sobre Descartes

Filosofia - 11º ano
I. Indique se considera cada uma das frases seguintes verdadeira ou falsa:

1. Descartes decide que, para fundamentar as ciências, tem de demolir todas as suas crenças duvidosas e começar a partir dos alicerces.
2. O exercício da dúvida metódica acaba por revelar uma crença indubitável.
3. A dúvida cartesiana é metódica porque se propõe a duvidar sempre de tudo, pondo em causa a possibilidade do conhecimento.
4. "Cogito, ergo sum" é uma verdade provisória e susceptível de dúvidas.
5. A simples suposição de que um «génio maligno» possa manipular os nossos pensamentos, sem nós o sabermos, arruína a certeza do cogito.
6. Descartes, inquieto perante as suas dúvidas e a hipótese de um génio maligno enganador, recorre a Deus para garantir a verdade das operações matemáticas.
7. Se eu penso que sou algo, nenhum «génio» enganador pode fazer com que não seja indubitável que eu existo.
8. Posso pensar que estou em casa quando estou na escola, mas não posso pensar que não estou a pensar quando penso que estou em casa, embora esteja na escola.
9. É indubitável que eu existo se, e só se, estou a pensar.
10. Deus não desempenha um papel gnoseológico na filosofia de Descartes.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ficha sobre Descartes

“Imediatamente me dei conta de que enquanto assim queria pensar que tudo era falso, era absolutamente necessário que eu, que o pensava, fosse alguma coisa. E observando que esta verdade: Penso, logo existo, era tão firme e segura que as mais extravagantes suposições dos cépticos não eram capazes de a abalar, considerei poder recebê-la sem escrúpulo para o primeiro princípio da filosofia que buscava. (…) Exactamente porque pensava em duvidar da verdade das outras coisas, resultava muito seguramente que eu existia; ao passo que, bastava eu deixar de pensar, ainda que todo o resto que havia imaginado fosse verdade, não tinha qualquer razão para crer que existia (…)”.

DESCARTES, Discurso do Método, 4ª Parte.

Questão 1 – Explique o argumento mediante o qual Descartes passa da consciência de que é um ser que duvida até à crença no cogito.




“Em seguida, reflectindo sobre o facto de duvidar, constatei, por conseguinte, que o meu ser não era completamente perfeito, pois via claramente que saber era uma perfeição maior do que duvidar. Lembrei-me de procurar onde aprendera a pensar em algo mais perfeito do que eu era e, soube evidentemente que devia ser de uma qualquer natureza que fosse mais perfeita. (…) Porque nada há de mais contrário que o mais perfeito ser um resultado e uma dependência do menos perfeito (…) também não podia tê-la recebido de mim mesmo. De forma que estava a ela ter sido introduzida em mim por uma natureza que seria verdadeiramente mais perfeita do que eu era, e que tivesse até dentro de si todas as perfeições de que eu podia ter uma ideia, isto é, para me explicar numa palavra, que fosse Deus.”

DESCARTES, Discurso do Método, 4ª Parte.

Questão 2 – Explique como chega Descartes à descoberta da ideia de Deus a partir da crença no cogito.


“Em que sentido se pode dizer que, se ignoramos Deus, não podemos ter conhecimento certo de nenhuma outra coisa.
Mas, quando o pensamento que desta maneira se conhece a si mesmo (…) por exemplo, tem em si as ideias dos números e das figuras, e conta também entre as suas noções comuns esta: «se somarmos quantidades iguais a outras quantidades iguais, os totais serão iguais» e muitas outras tão evidentes como esta, por meio das quais é fácil demonstrar que os três ângulos de um triângulo são iguais a dois rectos, etc. Enquanto percebe estas noções e a ordem pela qual deduziu esta conclusão ou outras semelhantes, o pensamento está muito seguro da sua verdade. (…) Em tudo o que lhe parecer muito evidente, vê bem que tem razão para desconfiar da verdade de tudo aquilo de que não se apercebe distintamente e que não poderá ter nenhuma ciência certa até conhecer aquele que o criou.”

DESCARTES, Princípios da Filosofia, artigo 13º.

Questão 3 – Explicite a importância da existência de Deus na teoria cartesiana do conhecimento.



Exercício

Das questões que se seguem escolha a alínea que melhor responde ao problema:


1. Descartes é um filósofo céptico. Esta afirmação é:
a) falsa, porque duvidar não é para ele uma forma de descobrir a verdade;
b) verdadeira, porque o seu método não lhe permite atingir um conhecimento absolutamente verdadeiro;
c) falsa, porque, mais do que descrença na verdade, há suspensão temporária da crença nas verdades estabelecidas.

2. A dúvida é hiperbólica porque:
a) encontrar uma verdade absolutamente indubitável exige um exame severo e impiedoso das nossas crenças.
b) Descartes exagera;
c) põe em causa verdades evidentes;

3. Descartes é um filósofo racionalista porque:
a) acredita que a razão pode, baseada na experiência, construir conhecimentos certos;
b) acredita que a razão, independentemente do apoio dos sentidos, pode descobrir verdades evidentes e fundamentais;
c) acredita que a certeza se baseia na dúvida.

4. Deus é, no sistema cartesiano:
a) uma entidade sem qualquer função gnoseológica;
b) a razão para duvidarmos de todos os nossos conhecimentos;
c) a garantia da objectividade dos nossos conhecimentos.

domingo, 22 de março de 2009

Ficha de avaliação - março

FILOSOFIA
Ficha de avaliação
Leia atentamente todas as questões antes de responder.

Grupo I
I. Indique quais os enunciados que são verdadeiros (V) e falsos (F). (Cotação: 100 pontos)

1. Conhecimento é o processo pelo qual o sujeito apreende o objecto.
2. A análise fenomenológica do conhecimento visa essencialmente a compreensão do conhecimento científico.
3. A descrição fenomenológica considera que o sujeito sai de si até à esfera do objecto, captando-o sob forma de representação ou imagem.
4. Os elementos do conhecimento são o sujeito cognoscente e o objecto conhecido.
5. No conhecimento estabelece-se uma correlação na medida em que o sujeito é sujeito para o objecto, e o objecto é objecto para o sujeito.
6. No processo de conhecimento há reversibilidade entre sujeito e objecto.
7. No acto de conhecer, o objecto torna-se imanente ao sujeito que conhece.
8. No conhecimento, o objecto não sofre alterações, mas sim o sujeito.
9. Na perspectiva fenomenológica, o objecto pode converter-se em sujeito e vice-versa.
10. No conhecimento, tanto o sujeito como o objecto têm um papel activo.














Grupo II
Dadas as afirmações:

a) A Manuela sabe andar de bicicleta.
b) O António sabe que Madrid é uma cidade
c) A Carla sabe que Camões escreveu os Lusíadas.
d) A Antónia sabe que a Segunda Guerra Mundial terminou em 1945.
e) O Manuel conhece Londres.

1- Faça corresponder as alíneas a cada um dos tipos de conhecimento estudado. Repare que alguns tipos de conhecimento correspondem a várias afirmações. (Cotação: 50 pontos)


Grupo III

1 - Assinale as seguintes frases como verdadeiras ou falsas. (Cotação: 20 pontos)

a) O conhecimento por contacto é aquele que interessa ao âmbito da filosofia.
b) O conhecimento a priori é fruto do pensamento puro.

2- Justifique a falsidade das proposições que considerou como tal. (Cotação: 30 Pontos)



Correcção:
Grupo I
1-V
2- F
3- V
4- V
5- V
6- F
7- F
8- V
9- F
10 - F

Grupo II

a) Conhecimento como saber-fazer;
b) Conhecimento como saber-que.
c) Conhecimento como saber-que.
d) Conhecimento como saber-que.
e) Conhecimento por contacto




Grupo III
Questão 1

A) F
B) V

Ao âmbito da filosofia interessa apenas o conhecimento proposicional cujo objecto se expressa em proposições verdadeiras. Quase tudo o que aprendemos na escola corresponde ao conhecimento proposicional. A quase totalidade do nosso conhecimento quer de carácter científico, histórico ou matemático é deste tipo. Trata-se de um tipo de conhecimento em que é possível avaliar o valor de verdade, uma vez que a verdade é uma condição necessária para o conhecimento.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ficha sobre as objecções à concepção tradicional de conhecimento

Filosofia - 11º ano
Ficha sobre as objecções à concepção tradicional de conhecimento

Durante mais de dois mil anos a definição tradicional de conhecimento prevaleceu. No entanto, em 1963 o filósofo americano Edmund Gettier (n.1927), refutou esta definição. Gettier elaborou um conjunto de contra-exemplos que apresentam exemplos de crença verdadeira justificada que não constitui conhecimento.

Vejamos um exemplo: João vai a uma festa onde se encontra Ana. Imaginemos que:
1. João acredita que Ana tem o Manual de Filosofia na mochila. Imaginemos ainda que a crença de João está justificada. A Ana havia dito a João que ia levar o Manual de Filosofia para a festa porque a Rita lho tinha pedido emprestado. Logo, o João não apenas acredita que a Ana tem o Manual na mochila como a sua crença está justificada.
2. A crença do João de que a Ana tem o Manual na mochila está justificada. Porém, suponhamos que a Rita havia telefonado à Ana para lhe dizer que afinal já não precisava que ela lhe emprestasse o Manual. Imaginemos agora que o António havia encontrado a Ana antes da festa e lhe tinha pedido para levar o Manual para a festa para tirar umas dúvidas com ela. Assim, a Ana tinha de facto o Manual na mochila, mas não tinha o livro por causa da Rita, mas por causa do António.
3. A Ana tem o Manual na mochila. Isto quer dizer que dado 1, 2 e 3, o João tem uma crença verdadeira justificada. Portanto, de acordo com a definição tradicional de conhecimento, o João sabe que a Ana tem o Manual de Filosofia na mochila.



Questão I. Podemos afirmar que João sabe de facto que a Ana tem o Manual de Filosofia na mochila? A razão pela qual João acredita que a Ana tem o Manual de Filosofia na mochila é a verdadeira razão que fez com que Ana levasse o Manual para a festa?