domingo, 3 de maio de 2009

Ficha sobre o problema da causalidade em David Hume

Filosofia - 11º ano
Ficha sobre o problema da causalidade em David Hume

“Em que consiste a nossa ideia de necessidade quando dizemos que dois objectos estão necessariamente ligados entre si? (…) Se afirmamos ter a ideia de ligação necessária ou causal, deveremos encontrar alguma impressão que esteja na origem desta ideia. Para isso, ponho-me a considerar o objecto em que comummente se supõe que a necessidade se encontra. E como vejo que esta se atribui sempre a causas e efeitos, dirijo a minha atenção para dois objectos supostamente colocados em tal relação (causa – efeito) e examino-os em todas as situações possíveis. Apercebo-me de imediato de que são contíguos em termos de tempo e lugar e de que o objecto denominado causa precede o outro, a que chamamos efeito (…).
Suponhamos que uma pessoa, embora dotada das mais fortes faculdades de razão e reflexão, e trazida subitamente para este mundo, observaria, de facto, imediatamente uma contínua sucessão de objectos e um acontecimento sucedendo-se a outro, mas nada mais seria capaz de descobrir. Não conseguiria, a princípio, mediante qualquer raciocínio, alcançar a ideia de causa e efeito (…), nem é justo concluir unicamente porque um evento, num caso, precede outro, que o primeiro é, por isso, a causa e o segundo o efeito. A sua conjunção pode ser arbitrária.
(…) Suponhamos, de novo, que ela adquiriu mais experiência e viveu durante tanto tempo no mundo que observou que objectos ou eventos familiares se combinam constantemente. (…) Imediatamente infere a existência de um objecto a partir do outro. Apesar de tudo, não adquiriu, mediante toda a sua experiência, ideia ou conhecimento algum do poder secreto pelo qual um objecto produz outro, nem é induzida, por processo algum do raciocínio, a tirar essa inferência; mas, apesar de tudo, vê-se levada a tirá-la (…) Existe algum outro princípio que a leva a formar tal conclusão.
Este princípio é o costume ou o hábito, pois, onde quer que a repetição de qualquer acto ou operação particular manifeste uma propensão para renovar o mesmo acto ou operação, sem ser impulsionado por raciocínio ou processo algum do entendimento, dizemos sempre que esta propensão é o efeito do costume.”

HUME, Ensaios Sobre o Entendimento Humano, Edições 70.



Questão 1 – Quais são os argumentos que Hume usa para chegar à conclusão de que a ideia de causalidade é um produto do costume?

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