sábado, 2 de maio de 2009

O estatuto do conhecimento científico

Filosofia - 11º ano
O estatuto do conhecimento científico
A palavra ciência é de origem latina "Scientia" que provém de "Scire" que significa "aprender" ou "conhecer". O conhecimento científico resulta da investigação reflexiva, metódica e sistemática da realidade. O conhecimento científico visa descobrir as relações que os fenómenos possuem entre si, determinar as causas e os respectivos efeitos. O objectivo é construir uma teoria explicativa dos fenómenos, bem como determinar as leis que os regem. A ciência apresenta-se como um conjunto de proposições ou enunciados susceptíveis de ser organizados de forma hierárquica, dos mais elementares para os mais gerais e vice-versa. Em sentido ascendente, a conexão é estabelecida por induções e a descendente por deduções. Na sua tentativa de ordenar e estruturar os fenómenos, o cientista tem de definir um objecto específico de investigação e apoiar-se num método que lhe permita examinar o seu objecto de estudo de uma forma rigorosa. O cientista concilia uma capacidade intuitiva e estruturante do pensamento com a submissão aos factos. A preocupação lógico-experimental reveste os resultados da ciência de rigor e credibilidade. O método científicoComo procedem os cientistas para conhecer a realidade? Para conhecermos cientificamente a Natureza e as leis que a regem não a podemos interrogar de qualquer forma. Para tal é necessário agir de acordo com certas regras claramente definidas e susceptíveis de repetição. O método é o caminho que os cientistas percorrem para conhecer a realidade. O método é o caminho que o cientista percorre para investigar e alcançar os seus objectivos. Há várias concepções de método científico mas todas têm em comum os seguintes factores: a procura do ponto de partida para as teorias científicas, a formulação das teorias científicas, a aplicação das teorias científicas. Não há um método único que possa ser mecanicamente aplicado às diferentes áreas de investigação. Cada ciência ao determinar o seu campo de investigação define um conjunto de métodos e técnicas que lhe permitem construir uma visão específica da realidade. O método promove a eficácia da investigação, a credibilidade dos resultados; a maior facilidade em distinguir os conhecimentos que são verdadeiramente científicos dos que não o são. Portanto, há uma interdependência entre a Ciência e o método científico. O primeiro momento do método consiste na ocorrência de factos problemáticos. A procura do saber inicia com o aparecimento de um problema e não com a apreensão de factos puros e simples, tem um carácter activo. O que importa ao cientista é a descoberta de “factos polémicos” que ponham em causa as teorias existentes. O segundo momento do método é o da formulação de hipóteses. Hipótese vem de hypo (sob) e thésis (proposição). Uma hipótese é um enunciado que se propõe como base para explicar como se produzem os fenómenos. A hipótese é uma espécie de explicação antecipada que será submetida a testes. Depois da hipótese chega o momento em que se deduzem as respectivas consequências. A razão da necessidade deste momento do método prende-se com o facto de que, na maioria do casos, a hipótese não poder ser confrontada directamente com a experiência. Portanto, são deduzidas consequências das hipóteses que a tornam mais específica. O último momento do método consiste na confrontação das consequências deduzidas com a realidade. Se as consequências da hipótese não se cumprem no teste experimental ou observacional, esta é rejeitada. Se as mesmas se verificarem, a hipótese será aprovada e formular-se-ão leis e teorias científicas que as integrem. A concepção indutiva do método. Há várias maneiras de conceber o método científico. Há ciências e áreas de investigação em que se pode partir da observação dos factos, mas há outros domínios em que a investigação é estimulada por um problema teórico ou por uma mera especulação. O método usa também procedimentos indutivos que procedem da observação dos factos. A concepção indutiva do método é usada quando, depois de os cientistas terem observado o que acontece num grande número de casos, consideram que sucederá sempre o mesmo em situações semelhantes ainda não observadas. Desta forma, a teoria é obtida por generalização indutiva.Objecções ao indutivismo: a) é impossível registar e classificar espontaneamente os factos empíricos espontaneamente, ou seja, sem uma orientação teórica. b) Há leis científicas que dizem respeito a fenómenos inobserváveis e, como tal, não podem resultar de meras generalizações indutivas baseadas na observação. No caso do método falsificacionista são formuladas hipóteses ou conjecturas, as quais são submetidas a tentativas de refutação (ou falsificação). Este é o método aconselhado por Karl Popper. A diferença entre o método falsificacionista e o método hipotético-dedutivo reside no facto de o falsificacionismo não procurar a comprovação, mas procurar observações que falsifiquem as consequências deduzidas das hipóteses.Objecções ao falsificacionismo: é difícil refutar uma teoria. Se as previsões empíricas fracassarem, só podemos concluir que uma das hipóteses é falsa e essa hipótese pode não pertencer à teoria.

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